Governo federal pretende reduzir carreiras e salário inicial
Proposta que será apresentada ao presidente eleito visa, ainda, aumentar tempo que funcionários levam para chegar ao topo da carreira
Portal Metrópoles
O ministro do Planejamento, Esteves Colnago, preparou proposta de reforma nas
carreiras do funcionalismo para entregar ao governo de transição. A ideia é reduzir o
número de carreiras do Executivo, aumentar o tempo que os servidores levam para
chegar aos maiores salários e reduzir a remuneração inicial para que ela fique mais
alinhada ao setor privado.
Em reportagem do jornal O Globo, divulgada nesta quarta-feira (26/9), Colnago
explicou que o excesso de carreiras torna difícil a mobilidade entre os servidores de
um órgão para o outro. Isso aumenta a realização de concursos públicos, incha a
máquina e faz com que o governo enfrente mais pressões por reajustes. De acordo
com ele, atualmente é preciso negociar com mais de 200 sindicatos que representam
servidores, o que inviabiliza as negociações.
Gasto em 2018
O Executivo tem hoje 1,275 milhão de servidores. Desse total, 633.595 estão na ativa,
401.472 são aposentados e 240.216 são pensionistas. Isso custará aos cofres públicos
R$ 300 bilhões em 2018. O valor só perde para a Previdência, que terá uma despesa de
R$ 593 bilhões. Segundo Colnago, foram elaboradas duas propostas para o novo
governo. Uma com mais carreiras e outra com menos. Tudo dependerá de qual o
ajuste que o presidente eleito decidirá fazer. No entanto, esse tema também é
urgente, uma vez que 108 mil servidores estão aptos a se aposentar, o que representa
17% da força de trabalho do Executivo.“Nós temos um conjunto de servidores relativamente envelhecidos. A gente precisa
resolver esse problema”, alertou o ministro na entrevista.
O antecessor de Colnago no comando do Planejamento, Dyogo Oliveira, chegou a
apresentar, em 2017, uma proposta de reestruturação de carreiras que incluía mais
etapas para se chegar ao topo (ele só seria atingido em 30 anos) e um salário inicial
menor, de R$ 5.000. Pelas contas da época, a economia para os cofres públicos seria
de R$ 154 bilhões em 15 anos. No entanto, o projeto foi engavetado.
Agora, a ideia é retomar parte do que foi proposto e ainda avançar mais por meio da
redução do número de carreiras. Colnago admite que o assunto é espinhoso: “Uma
mudança como essa é quase tão difícil de ser aprovada quanto a reforma da
Previdência. ”
Enquanto não há uma mudança estrutural nas carreiras, o Planejamento tem adotado
medidas de gestão que não demandam lei, mas que trazem uma economia potencial
anual de R$ 1,3 bilhão para os cofres públicos. Uma delas foi uma portaria que permite
ao Ministério do Planejamento transferir servidores sem o aval do órgão de origem. Os
funcionários não são obrigados a trocar de órgão ou de cidade. A ideia é que, se
tiverem interesse, possam migrar com maior facilidade.